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domingo, 28 de novembro de 2010

Expressão facial

Boa Noite!

Volta e meia sou convidado e dar algumas aulas de desenho aqui e aculá...

Ensinar desenho é bem tranquilo, na maioria das vezes os alunos já possuem alguma espécie de conhecimento autodidata, e de certa forma não precisam mais que alguns toques para desenvolverem melhor seu traço; Há também algumas pessoas que são fascinadas por desenhar mas no entanto não possuem essa experiência, sendo sua única bagagem prática o que produziam na infância.

O desenho que fazemos na infância é simbólico, sendo bastante funcional em representar um ser humano, mas nunca para produzir um retrato, por exemplo. Um retrato exige uma capacidade de representação concreta do que se vê, que é adquirida com a prática, com exercícios de observação que priorizam a medição da distância entre as partes do que se quer representar e uma capacidade de síntese de traços. Visto isso, é de se imaginar que o caminho para se tornar um desenhista é sair do "modo simbólico" e ir ao "modo concreto".

A maioria dos desenhos que temos grande contato, seja em desenhos animados, quadrinhos e ilustrações, costumam guardar proximidades tanto com o desenho simbólico, por serem figuras de grande síntese visual, quanto com o desenho de observação, uma vez que cada personagem é cheio de personalidade e expressão própria. O que leva muitas pesssoas que querem aprender a desenhar, a voltar-se quase que exclusivamente a reproduzir outros desenhos.

A reprodução de outros desenhos é valida para o aprendizado em muitos aspectos, como entender como um artista resolve determinados problemas, mas também traz alguns problemas, como a falta de repertório e a pobreza nas expressões dos personagens.

Tendo isso em mente, começei a ministrar minhas aulas de expressão facial em cartum baseado em fotografias (ao invés de uma tabela de expressões genéricas), assim os alunos teriam contato com a fonte da expressão, poderiam estudar concretamente as forças atuantes no rosto, e o melhor, possuem ilimitadas possibilidades e modelos (uma busca no google te dá uma série de diferentes expressões).

Costumo mostrar as imagens abaixo como exemplo do processo. Nessas aulas pouco importa a semelhança do produto final com a foto, o que interessa é o aluno conseguir "ler" a expressão e a "imprimir" da melhor forma possível no desenho.


A apresentação da foto com a expressão.



Um estudo das forças atuantes no rosto e como essas forças moldam a expressão. (a réplica da foto é apenas ilustrativa, esse parte do processo deve ocorrer mentalmente e em anotações durante a feitura do cartum)


Resultado final, a produção de um desenho cartum com pouca ou nenhuma semelhança com a foto, mas com toda a riqueza da expressão facial.



Bom, vale lembrar que essa metodologia é baseada em meus estudos acerca do ensino de desenho para leigos e principalmente em minha experiência pessoal, podendo haver inúmeras outras formas de se trabalhar o mesmo tema.

2 comentários:

  1. e os desenhos dos outros? rola por aqui alguns?




    acho que minha cara é uma expressão involuntária :P

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  2. Muito bom! Vai ser útil na minha animação, com certeza!

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